terça-feira, 26 de maio de 2009

Entrevista com Dalva Morem, autora estreante aos 75 anos

Entrevista com Dalva Morem, autora estreante aos 75 anos

Dalva Morem nasceu em 1933 no Rio de Janeiro, filha de descendentes italianos, recebeu educação tradicionalista, muita repressão e pouco investimento em educação mas ainda assim foi capaz de colocar seu primeiro livro autobiográfico como prioridade.

A obra “Sempre é Tempo” nos oferece narrativa pessoal de processo de interprisão, fuga constante das dificuldades através de soluções não definitivas. A condição de dona de casa, com estabilidade no lar era a sua meta, com seu 2º marido, com quem viveu 45 anos, ela conseguiu realizar-se e narra os desafios deste processo. Sempre simples, Morem atuou como voluntária em várias instituições, os exemplos de assistência que deu, a habilitou e deu força moral para superar as intempéries e finalmente encontrar em 1996, o  Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia -IIPC, onde fez cursos de investimento na sua própria inteligência evolutiva, para assentar sua vida e administrar sua personalidade conflituosa e ao mesmo tempo doce.

A EDITARES acolheu e aceitou publicar seu livro autobiográfico de 222 páginas, primeiro gestação consciencial da autora, já na terceira idade, que serve de exemplificação,  as auto-superações são os maiores desafios de qualquer existência.

Como foi o processo de repressão e a sua infância, retratada no livro ?

Meu pai era descendente de italiano e de família pobre, e vivia a cultura do país dele da época dos pais deles. Eu não tinha liberdade e era muito presa. Eu virei moça na escola, dei maior vexame, eu não sabia o que estava se passando comigo, lá em casa não havia diálogo. Eu queria fazer um curso de manicure e meu pai dizia que isso era profissão de “mulher da vida”, eu nem sabia o que era “mulher da vida”. Pedi muito meu pai para me dar uma condição e não obtive apoio.
Tive muitos acidentes de percurso, fui criada muito desarmada e indefesa, exposta às malícias do mundo. Fiquei sem forças para lutar sozinha, sentia-me muito desprotegida. Eu deveria ser trabalhado em minha personalidade, relativo à liberdade cerceada e autoconfiança.

Quais as dicas para os jovens de hoje, após uma vida tão sofrida e dura, conforme relatada em “Sempre é Tempo” ?

Hoje as mulheres não estão valorizando o zelo do lar, há muita tecnologia, a pessoa pode aprender sozinha, ou fazendo cursos, há muitas facilidades e liberdades. No meu tempo não era assim e só por ser pobre e ter que ir trabalhar, já era foco de assédio e vulnerável. Chegou um ponto de saturação, principalmente após o meu divórcio. Pois casei cedo para sair da prisão dos meus pais, iludida quanto ao meu primeiro casamento. Eu agia sem pensar, só fugindo daqui para ali, dali para aqui, este foi claramente o processo de interprisão, que vivenciei até encontrar o homem que me assumiu, e me deu um lar. Ele me deu uma família e não teve preconceito, pelo fato de eu ser uma mulher desquitada e com filha. Tive este companheiro por 45 anos, até o seu momento de seu falecimento. Antes,  no ambiente de trabalho vivenciava situação de falta de respeito da maioria dos homens. Eu era muito menina e não tinha discernimento, esta condição de convivência difícil gerou uma fuga, procurei refúgio na minha própria casa.
Diante tantas dificuldades na vida e na sociedade como enfrentar a autovitimização ?




Existem pessoas que receberam muito e ainda hoje cobram dos pais, isso é autovitimização, gera uma imaturidade, que representa e fortalece um vínculo negativo entre as duas pessoas.



Quanto mais a pessoa se coloca como vítima, pior fica, certo?



A melhor maneira é tentar compreender, o porquê do acontecimento. Porquê eu tive estas vivências? Se foi para que eu tivesse dado um passo largo na evolução, valeu !! E se não foi ? Se houve abuso de poder, se houve imaturidade dos meus pais ao não me darem educação, eu fui vítima deles. Uma vez conversando com professores do instituto sobre este assunto chegou-se a conclusão que ninguém tem programação para ser prisioneiro.A vítima de hoje, pode ter sido o algoz de ontem, nas vidas passadas. Isso só vamos saber mesmo, depois que dessomar, no extrafísico. Junto aos amparadores, fazendo um balanço da vida.



Tem pessoas que não conseguem viver ombro a ombro, lado a lado, ou são algozes ou são vítimas?



Isso depende do grau de evolução da consciência, se ela chegar ao grau de compreensão de que nada acontece por acaso, aí é justificada esta interprisão. “Ninguém paga sem dever”, toda ação leva a uma reação, numa vida ou noutra temos que acertar os ponteiros, as arestas, nada fica perdido.O que estou recebendo aqui no CEAEC, representa o que eu já “dei lá fora “! Mesmo tendo me dedicado a religiões, a intenção positiva sempre é válida.



Como a senhora analisa a condição de interprisão ?


A pessoa que se encontra nessa condição deve procurar evoluir, fazendo bastante interassistência, inclusive, e principalmente ao seu próprio grupocarma. O melhor de tudo é compreender as consciências do seu grupo, só aí que vai livrar a interprisão. Ninguém muda ninguém. Se estiver muito difícil, cuide de si mesmo, se não acertar nessa, acerta na outra.

O título SEMPRE É TEMPO se aplica a quê ?

SEMPRE É TEMPO de estudar, de planejar, de voltar atrás, de fazer a reciclagem intraconsciencial.

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