terça-feira, 26 de maio de 2009

Entrevista da nova autora da Editares: Thereza Lacerda

Em 10 de maio de 2009, a Editares lançou no Salão Internacional do Livro de Foz do Iguaçu, a obra “A Pedra do Caminho- Histórias de Viver e Reciclar” que narra vivências da memorialista curitibana Thereza Lacerda, suas buscas existenciais, sua “virada de mesa”, seu importante papel para gastronomia, biblioteconomia, jornalismo e para reflexão existencial, tanto no ambiente acadêmico, como nas diversas áreas em que atuou.

O 5º livro de Thereza Lacerda é “autobiográfico e confessional” como ela mesmo define, sendo direcionado para 3a idade. Autora de crônicas memorialistas, recuperou a gastronomia tradicional da Lapa, escreveu um livro sobre o Teatro no Paraná e anos depois um folheto ressaltando apenas o Teatro São João da Lapa, recuperou a gastronomia tradicional da cidade da Lapa.

Thereza em outras produções, realizou pesquisas de monumentos, que permanecem em folhetos na Biblioteca Pública do Paraná. É citada na bibliografia nacional e paranaense da história na alimentação com o livro “Café com Mistura: receitas e histórias de antigamente” que reúne dois livros, Café com Mistura e Cartas da Minha Cozinha, da Imprensa Oficial, de Curitiba, 2002 em 3a edição.

Abaixo, conheça um pouco mais da vida e obra de Maria Thereza Lacerda:

1) Qual a reciclagem consciencial mais importante que fez, até hoje ?

Foi , sem dúvida, sair do estado de vítima, reconhecer a minha partede responsabilidade no processo e, experimentar minha mudança radical de atitute .

2) De que forma você entende a reciclagem de vida e qual a sua importância ?

Reciclar, para mim, é, utilizando o mesmo material que sou, eu mesma,transformá-lo de lixo em algo de aproveitável e autêntico.

3) De que modo a ciência Conscienciologia pode estimular mais, a leitura e a produção de artigos científicos ?
Com as transformações profundas que realiza em cada consciência,o enfoque de vida, interesses, preocupações também muda. Ao refletirmossobre um assunto, os conhecimentos de Conscienciologia nos orientam econseguimos, graças às diretrizes da própria Conscienciologia, produzirartigos "científicos".

4) Qual a melhor forma de consolidar a cientificidade da Conscienciologia e Projeciologia ?

Pela contínua autopesquisa. Não há outra maneira. O grupo evolutivo, sua convivência e exemplarismo também ajudam.

5) Na obra “A Pedra do Caminho – Histórias de viver e reciclar”, é possível acompanhar um verdadeiro diálogo com o leitor. Quais as características do seu estilo e a importância desta proximidade ?

Escrevendo e publicando, eu me afirmei como memorialista. Ao relembrar, acabamos contando uma história e daí vem o tom coloquial da minha narrativa.

6) A pessoa que desenvolve a vocação para pesquisa profissional não se contenta com as prescrições acadêmicas. Como é sua relação com a pesquisa?

A pesquisa exige persistência, obstinação e uma certa inclinação para o detetivesco, ou seja, uma pista levando a reflexões e a novas descobertas. Como eu não desistia da busca, acabava encontrando fatos inéditos. Por exemplo, o herói da 2ª Guerra, Clostermann, autor de O Grande Circo, por acaso nascido em Curitiba, negou a sua cidadania em 1989. Como eu conhecia pessoas que mantiveram contato com a família dele, na década de 1920, procurei nos jornais antigos até encontrar a notícia do seu nascimento. Anos mais tarde ele se rendeu à evidência: em 2005, nas comemorações dos 50 anos do final da 2ª Guerra admitiu sua cidadania. Antes de sua morte, em 2006, recebeu a medalha Santos Dumont e uma placa em sua homenagem, oferecida pela Prefeitura de Curitiba.

7) Quais os traços ideais para a pessoa que desenvolver o respeito maior aos livros - bibliofilia ?

Antes de tudo, amor aos livros. Porém, a biblioteconomia está se transformando com o avanço da informática. O curso, hoje se chama Gestão da Informação. Isso significa que o trabalho, antes realizado manualmente, vai para o computador e agiliza a armazenagem e a recuperação da informação.

8) Como é esse processo do livro atraí-la como um fetiche ?

Na minha infância, além de morar no interior e brincar muito, tínhamos como opção de lazer os livros e a música, através do rádio, pela velha vitrola, ou executada por nós mesmos. Os livros chegavam pelo Reembolso Postal e o pacote que meu pai abria sempre me fascinava. Um livro novo era tão valorizado quanto um brinquedo.

9) Diante da discriminação da chefe da biblioteca aos livros espíritas como reagiu internamente ?

Nunca aceitei qualquer tipo de discriminação. De um lado, havia o exemplo do meio familiar onde ninguém era discriminado. Na infância, a nossa casa era aberta para todos. De outro lado, não me submeti ao tradicionalismo dominado pelo cristianismo. Eu também acreditava na Declaração Universal dos Direitos Humanos que, no seu artigo II, determina: “todos têm direito e liberdade, sem distinção de religião, raça, cor, sexo e outros.” Contrariando tabus sociais, eu me afirmava.

10) O que a você mais aprecia na intelectualidade francesa, visto que escreveu num boletim um texto sobre a visita dos franceses em Curitiba?

Meu aprendizado foi através de colégios franceses. Uma forte atração pela França permanece até hoje. Para mim, a cultura francesa é importante até hoje através do pensamento filosófico dos franceses e de sua literatura. Na França, sempre me senti em casa. Minha admiração e prazer começam com Rabelais, passa por Montaigne, Rousseau, Balzac, Proust, Aragon e outros e ainda se satisfaz, simplesmente, com alguns croissants no café da manhã.

11) Você esteve em Bérziers e na região do sul da França, onde viveram os dissidentes da igreja católica, denominados cátaros, que tem a dizer a respeito ?

Por mais de uma vez e por simples obra do acaso, estive não só em Béziers, como na região dos cátaros. Naquela época, nada sabia de Conscienciologia, mas possuía conhecimento dos cátaros e estes me atraiam porque, seguindo o cristianismo, escolhiam um caminho, para mim mais autêntico e mais de acordo com a pregação primitiva de Cristo; por exemplo, admitiam as existências sucessivas ou sériexis. Em Carcassone estive também por acaso, mais de uma vez. Pude viver a cidade e visitar a fortaleza demoradamente. Não fiz nenhuma correlação com o que sei hoje, mas me senti, inexplicavelmente, inserida no ambiente.

12) Qual o efeito para você e sua família, no aspecto multidimensional da doação de sua casa familiar para se tornar um museu, relatado em sua obra “A Magia do Casarão – Histórias de um tempo feliz” de 2003 ?

A doação da casa da família para se tornar um museu, a princípio, não foi aceita por todos. Com o passar do tempo, mesmo os que se opuseram, reconheceram a importância da conservação da casa pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Hoje é um dos monumentos da pequena cidade mais visitado e, sobretudo, valorizado pela energia positiva que emana do seu interior. Para mim é uma alegria visitar a casa da nossa infância, onde todos reconhecemos, fomos muito felizes amparados pelo amor dos nossos pais.

13) Sobre a censura e as perseguições, pelas quais seu ex-marido passou, e por outro lado a necessidade de controle maior sobre as besteiras que são repassadas na mídia, ou alguma espécie de filtro. O que pensa sobre isso ?

Pensar em Imprensa livre é uma utopia. Todos os órgãos de imprensa, de uma maneira ou de outra, têm um comprometimento político e /ou econômico. O principal é a ética pessoal do jornalista e o respeito do próprio jornal para com seus leitores.

14) Por 2 vezes, ao menos, você foi demitida pelo seu posicionamento ético e por ir contra o status quo na universidade? Existe algo que se arrepende, na condição de professora de jornalismo ou biblioteconomia ?

Como afirmo no livro, me considero condecorada por ter sido despedida de duas faculdades por motivos políticos, ou seja, por contrariar as imposições da ditadura militar. Não me arrependo de nada.

15) Sobre retrocognições, você tem reminiscências de suas vidas passadas ?

A retrocognição mais importante, aquela que me levou ao reconhecimento e superação de dificuldades da vida atual, poderia ter sido no Império Romano. Tenho apenas hipóteses. Aprendi latim com facilidade e me senti atraída pela língua. Lamento não ter continuado o seu estudo.

16) Quais as afinidades que tem a obra de Rosseau e Joana D’Arc, citados na sua obra ?

Em Rousseau encontro o amor pela natureza e episódios relatados nas Confissões, sobretudo, com os quais me identifico. Valorizo também o bom humor e a sinceridade da linguagem. Quanto à Joana D´ Arc, é um fenômeno só explicável pela parapercepção e que vem confirmar o que venho estudando na Conscienciologia e Projeciologia do professor Waldo Vieira.

17) Depois de algumas projeções relatadas no seu livro, em que sua vida mudou ?

As experiências fora do corpo, para mim, foram por vezes naturais e espontâneas. É preciso, contudo, insistir no estudo da projetabilidade e estar alerta quanto às verdades relativas de ponta (verpons) preconizadas pelo paradigma consciencial.

18) De que modo vê a relação entre a Conscienciologia e os cátaros ?

Sempre fui atraída pelas histórias dos cátaros e "aconteceu" que visitei, por acaso, mais de uma vez o país dos cátaros. Os cátaros teriam tudo para ressomar como conscienciólogos e espero que o façam.

Entrevista com Dalva Morem, autora estreante aos 75 anos

Entrevista com Dalva Morem, autora estreante aos 75 anos

Dalva Morem nasceu em 1933 no Rio de Janeiro, filha de descendentes italianos, recebeu educação tradicionalista, muita repressão e pouco investimento em educação mas ainda assim foi capaz de colocar seu primeiro livro autobiográfico como prioridade.

A obra “Sempre é Tempo” nos oferece narrativa pessoal de processo de interprisão, fuga constante das dificuldades através de soluções não definitivas. A condição de dona de casa, com estabilidade no lar era a sua meta, com seu 2º marido, com quem viveu 45 anos, ela conseguiu realizar-se e narra os desafios deste processo. Sempre simples, Morem atuou como voluntária em várias instituições, os exemplos de assistência que deu, a habilitou e deu força moral para superar as intempéries e finalmente encontrar em 1996, o  Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia -IIPC, onde fez cursos de investimento na sua própria inteligência evolutiva, para assentar sua vida e administrar sua personalidade conflituosa e ao mesmo tempo doce.

A EDITARES acolheu e aceitou publicar seu livro autobiográfico de 222 páginas, primeiro gestação consciencial da autora, já na terceira idade, que serve de exemplificação,  as auto-superações são os maiores desafios de qualquer existência.

Como foi o processo de repressão e a sua infância, retratada no livro ?

Meu pai era descendente de italiano e de família pobre, e vivia a cultura do país dele da época dos pais deles. Eu não tinha liberdade e era muito presa. Eu virei moça na escola, dei maior vexame, eu não sabia o que estava se passando comigo, lá em casa não havia diálogo. Eu queria fazer um curso de manicure e meu pai dizia que isso era profissão de “mulher da vida”, eu nem sabia o que era “mulher da vida”. Pedi muito meu pai para me dar uma condição e não obtive apoio.
Tive muitos acidentes de percurso, fui criada muito desarmada e indefesa, exposta às malícias do mundo. Fiquei sem forças para lutar sozinha, sentia-me muito desprotegida. Eu deveria ser trabalhado em minha personalidade, relativo à liberdade cerceada e autoconfiança.

Quais as dicas para os jovens de hoje, após uma vida tão sofrida e dura, conforme relatada em “Sempre é Tempo” ?

Hoje as mulheres não estão valorizando o zelo do lar, há muita tecnologia, a pessoa pode aprender sozinha, ou fazendo cursos, há muitas facilidades e liberdades. No meu tempo não era assim e só por ser pobre e ter que ir trabalhar, já era foco de assédio e vulnerável. Chegou um ponto de saturação, principalmente após o meu divórcio. Pois casei cedo para sair da prisão dos meus pais, iludida quanto ao meu primeiro casamento. Eu agia sem pensar, só fugindo daqui para ali, dali para aqui, este foi claramente o processo de interprisão, que vivenciei até encontrar o homem que me assumiu, e me deu um lar. Ele me deu uma família e não teve preconceito, pelo fato de eu ser uma mulher desquitada e com filha. Tive este companheiro por 45 anos, até o seu momento de seu falecimento. Antes,  no ambiente de trabalho vivenciava situação de falta de respeito da maioria dos homens. Eu era muito menina e não tinha discernimento, esta condição de convivência difícil gerou uma fuga, procurei refúgio na minha própria casa.
Diante tantas dificuldades na vida e na sociedade como enfrentar a autovitimização ?




Existem pessoas que receberam muito e ainda hoje cobram dos pais, isso é autovitimização, gera uma imaturidade, que representa e fortalece um vínculo negativo entre as duas pessoas.



Quanto mais a pessoa se coloca como vítima, pior fica, certo?



A melhor maneira é tentar compreender, o porquê do acontecimento. Porquê eu tive estas vivências? Se foi para que eu tivesse dado um passo largo na evolução, valeu !! E se não foi ? Se houve abuso de poder, se houve imaturidade dos meus pais ao não me darem educação, eu fui vítima deles. Uma vez conversando com professores do instituto sobre este assunto chegou-se a conclusão que ninguém tem programação para ser prisioneiro.A vítima de hoje, pode ter sido o algoz de ontem, nas vidas passadas. Isso só vamos saber mesmo, depois que dessomar, no extrafísico. Junto aos amparadores, fazendo um balanço da vida.



Tem pessoas que não conseguem viver ombro a ombro, lado a lado, ou são algozes ou são vítimas?



Isso depende do grau de evolução da consciência, se ela chegar ao grau de compreensão de que nada acontece por acaso, aí é justificada esta interprisão. “Ninguém paga sem dever”, toda ação leva a uma reação, numa vida ou noutra temos que acertar os ponteiros, as arestas, nada fica perdido.O que estou recebendo aqui no CEAEC, representa o que eu já “dei lá fora “! Mesmo tendo me dedicado a religiões, a intenção positiva sempre é válida.



Como a senhora analisa a condição de interprisão ?


A pessoa que se encontra nessa condição deve procurar evoluir, fazendo bastante interassistência, inclusive, e principalmente ao seu próprio grupocarma. O melhor de tudo é compreender as consciências do seu grupo, só aí que vai livrar a interprisão. Ninguém muda ninguém. Se estiver muito difícil, cuide de si mesmo, se não acertar nessa, acerta na outra.

O título SEMPRE É TEMPO se aplica a quê ?

SEMPRE É TEMPO de estudar, de planejar, de voltar atrás, de fazer a reciclagem intraconsciencial.